quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Elogio a loucura -

"Pretendeis misturar o fogo com a água, pois a Loucura e a Prudência
não são menos opostas que esses dois elementos contrários.
— Não obstante sentir-me-ei lisonjeada por vos convencer disso,
desde que continueis a prestar-me vossa gentil atenção.
Se a prudência consiste no uso comedido das coisas,
eu desejaria saber qual dos dois merece mais ser honrado com o título de prudente:
o sábio que, parte por modéstia, parte por medo, nada realiza, ou o louco,
que nem o pudor (pois não o conhece) nem o perigo (porque não o vê)
podem demover de qualquer empreendimento.
O sábio absorve-se no estudo dos autores antigos;
mas, que proveito tira ele dessa constante leitura?
Raros conceitos espirituosos, alguns pensamentos requintados,
algumas simples puerilidades — eis todo o fruto de sua fadiga.
O louco, ao contrário, tomando a iniciativa de tudo, arrostando todos os perigos,
parece-me alcançar a verdadeira prudência.
(Erasmo de Roterdan)

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009




O livro dos dias


Ausente o encanto antes cultivado
Percebo o mecanismo indiferente
Que NÃO teima em resgatar sem confiança
A essência do delito então sagrado
Meu coração não quer deixar
Meu corpo descansar
E teu desejo inverso é velho amigo
JÁ que o tenho sempre a meu lado
Hoje então aceitas pelo nome
O que perfeito entregas mas é tarde
Só daria certo aos dois que tentam
Se ainda embriagado pela fome
Exatos teu perdão e tua idade
O indulto a ti tomasse como benção
Não esconda tristeza de mim
Todos se afastam quando o mundo está errado
Quando o que temos é um catálogo de erros
Quando precisamos de carinho
Força e cuidado
Este é o livro das flores
Este é o livro do destino
Este é o livro de nossos dias
Este é o dia dos nossos amores
(Legião Urbana)

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

"Se meu mundo caiu... eu que aprenda a levantar..." (Maysa)

terça-feira, 20 de janeiro de 2009


Morte de Segundo Grau

Trata-se da única modalidade em que a experiência de morte é acessível aos vivos.
Mas um fim semelhante da experiência “eu-você” pode ser causado por algo diferente da morte física de um companheiro próximo. Embora produzido por motivos diferentes , o corte de um vínculo inter-humano pelo término de um relacionamento também porta o selo do fim (mesmo que,diferente da morte verdadeira, esse selo possa ser removido; teoricamente, uma relação pode ser reatada e,portanto, ressurgir dos mortos, ainda que a presumida probabilidade desse acontecimento tenda a ser severamente reduzida pelo fato de a possibilidade de reconciliação ser teimosamente negada e declarada inconcebível no calor do estranhamento entre os parceiros).
A experiência da morte de “segundo grau”, estimulada pela ruptura dos vínculos humanos, é, não obstante, causada por humanos - sempre produto intencional de uma ação deliberada,premeditada. Algumas vezes sua s origens remontam a um ato que, com um pouco de exagero, poderia ser registrado sob a rubrica de assassinato (metafórico),mas em geral está perto de ser classificado como resultado de um homicídio (metafórico).
A ruptura de um vínculo pode ocorrer “por consentimento mútuo”, mas raramente, se é que alguma vez, resulta dos desejos de todos os envolvidos e afetados por suas conseqüências, tal como dificilmente é aprovada por todos eles. O evento da ruptura de um vínculo divide os parceiros em perpetradores e vítimas. O que é saudado por um dos lados como um ato bem- vindo de libertação é percebido e vivenciado pelo outro como um ato abominável de rejeição e/ ou exclusão – um ato de crueldade, de punição imerecida ou no mínimo uma prova de insensibilidade. Não há como saber de que lado do vínculo virá o golpe, quem será o primeiro a desferi-lo, tendo se cansado de compromissos entediantes e das promessas de uma lealdade difícil de concretizar. Não há imunidade - e não há uma forma eficazde você reivindicar,muito menos comprovar seus direitos, pois não existem normas universalmente aceitas a serem invocadas, nem “deves” e “não deves” seguramente baseados em crenças comuns e eficiente promovidos pelaspráticas gerais, aos quais você possa recorrer a fim de provar,de maneira convincente, que o veredicto da exclusão – sua “morte metafórica” – foi imerecido e deveria ser revogado.